As grandes navegações

Nunca houve momento melhor ou mais empolgante para se trabalhar, para desbravar um território ainda parcialmente inexplorado, com a oportunidade de ajudar a construir novos jeitos de fazer comunicação.

Que ninguém ache essa introdução presunçosa, mas é que há algo de excitante em acreditar que se faz parte de um momento de descobertas. E para quem trabalha com comunicação é justamente este o sentimento.

Explico: apesar de ter vivenciado muitas mudanças nesses 20 anos em que estou construindo a minha carreira, elas pareciam ser mais precisas, seguras. Talvez não fossem exatamente mudanças, mas a evolução natural das coisas. Mais recentemente, porém, estamos vendo guinadas ou necessidade de mudanças reais. Modelos que simplesmente não funcionam mais, comportamentos novos e surpreendentes.

E aí, entramos nós, os exploradores, para questionar, testar outros caminhos, desenvolver outros modelos, errar, acertar. Tenho visto profissionais super renomados e de vanguarda que pregam a comunicação integrada, mas acabam valorizando mais só uma parte dela ou apostando em um modelo segregado de negócio. Agências que acreditam em um posicionamento moderno, mas sua entrega é a tradicional. Clientes que querem ser ousados, mas acabam usando as mesmas fórmulas.

Não é mesmo fácil. Pra ninguém. Isso é que o bacana, desbravar um território ainda parcialmente inexplorado, com a oportunidade de ajudar a construir novos jeitos de fazer comunicação. Nunca houve momento melhor ou mais empolgante para se trabalhar na área.

Tem gente que ainda acha que RP é gerar mídia espontânea – em forma de cobertura de imprensa ou de post de influenciador digital. Desculpa, mas não é. O nosso objetivo é utilizar todas as plataformas para construir e fortalecer relacionamentos. E isso pode sim ser feito com geração de mídia espontânea, mas pode – e deve – também utilizar canais proprietários, redes sociais, mídia paga, ativações, conteúdo patrocinado. Isso tudo, hoje em dia, é relações públicas. Ou melhor, sempre foi, considerando a essência da profissão.

Tem gente que ainda acha que os grandes anunciantes vão continuar sendo grandes na produção de campanhas milionárias. Desculpa, mas não vão. Estamos vendo como o streaming e o digital estão tomando conta do consumo de notícias, entretenimento, produtos e tudo o mais. A audiência de Youtube já ultrapassa a da TV nos Estados Unidos. Aqui, crianças e adolescentes não trocam um programa no Youtube por (quase) nada. E sabemos que mídia digital é infinitamente mais barata do que a tradicional; a produção é mais barata; é infinitamente melhor mensurável; e as grandes marcas estão remanejando grande parte de suas verbas para a mídia digital.

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