Novas bebidas para novos públicos: a gen-z está forçando uma nova tendência de consumo e marcas estão se adaptando ao novo cenário.
Sempre que identificamos um burburinho sobre um novo produto ou serviço, ficamos na dúvida do quão longe aquela novidade irá. Do frenesi das paletas mexicanas à euforia com o aplicativo Clubhouse, não são poucos os exemplos de marcas, categorias e soluções que entram em um hype, mas perdem rapidamente o interesse inicial. Esse não parece ser o caso das bebidas zero, principalmente as cervejas.
A alta procura por esse produto nas festas de fim de ano, como visto no gráfico do Google trends, indicam mais do que um interesse geral pelo tema. Na verdade, é que essa categoria parece ganhar espaço nas celebrações, onde brindar sem álcool pode estar deixando de ser um tabu.
Um sinal de que as bebidas zero álcool não parecem ser a nova paleta mexicana está na rápida resposta do mercado em responder a esse interesse com uma oferta de produtos que não para de crescer. Ambev e Heineken já ampliaram seus portfólios com bebidas não alcoólicas. Cervejas, os carros-chefes das duas companhias, tiveram o seu consumo praticamente duplicado entre 2019 e 2021, segundo um relatório do Euromonitor. Do lado da Heineken, a sua cerveja homônima ganhou uma versão zero álcool que caiu e muito nas graças do consumidor, dados da NielsenIQ mostram que a Heineken 0.0 liderou as vendas entre as cervejas sem álcool em 2023 no Brasil.
Do lado da Ambev, uma marca que desponta pela sua versão zero álcool é a Corona, que entrou no mercado em 2024 associando a marca à promoção de bem-estar, sendo a primeira cerveja do mundo com enriquecimento de vitamina D. O caso da Corona, porém, não é pioneiro dentro da Ambev, que já tinha desenvolvido a Brahma 0.0 há dez anos, antes de as buscas por esse tipo de bebida aumentarem. Outra gigante do ramo da cerveja que apostou em uma versão zero álcool foi a Guinness, da Diageo.
Zero álcool e o bem estar
Toda a conversa sobre Zero Álcool parece ter como eixo central a pauta do bem-estar. A pesquisa da consultoria IWSR indica que mais da metade das pessoas que diz consumir bebidas zero álcool o faz pelo desejo de ser mais saudável, além de 47% que apontam o desejo de reduzir o consumo de álcool como a motivação. 31% encontram nas bebidas zero álcool bons alternativas para as suas versões alcoólicas.
Refletindo esses dados, no Instagram e no TikTok, já é possível encontrar diversas contas dedicadas à produção de conteúdo voltado para os mocktails, coquetéis feitos com bebidas sem álcool, como a conta Mocktail Girlie e Mocktail Club, além de diversos nutricionistas que falam sobre os benefícios de uma dieta sem álcool. Vários influencers de grande alcance já têm apostado também em parcerias com marcas de bebidas zero álcool.
A indústria cervejeira tem explorado o tema por outro caminho, tanto a Heineken Zero quanto a Corona Cero têm apostado mais em relacionar a proposta com marketing fortemente associado aos esportes.
Seja por uma via gastronômica ou pelo culto ao bem-estar, o fato é que existe ainda muito espaço para essa conversa evoluir, indicando que possivelmente não seja somente uma modinha. O posicionamento da categoria bebidas zero álcool no contexto de consumo das celebrações tem muitos elementos culturais e geracionais a serem tratados por marcas, influenciadores e o público em geral. A questão não é exaltar fórmulas e funcionalidades, mas trocar mais sobre a maneira como as pessoas enxergam suas festas e encontros.
