Atualmente, dormir pode ser muito mais do que apenas descansar. E isso está se traduzindo em um novo universo para as marcas.
De acordo com a World Sleep Society e a Organização Mundial de Saúde (OMS), problemas de sono constituem uma epidemia global. Isso ameaça a saúde e a qualidade de vida de cerca de 45% da população mundial. No Brasil, a prevalência dos distúrbios do sono está entre as mais elevadas, raramente a população busca orientação e tratamento. O país está entre os dez com maior número estimado de indivíduos com apneia obstrutiva do sono (AOS), 27 milhões de brasileiros, isso representa pouco mais de um terço da população brasileira. Com os maiores índices de ansiedade do mundo, o Brasil também está incluído, não por acaso, entre aqueles em que menos se dorme.
Problemas no sono
Entre síndromes de burnout, scrolls acelerados de telas, inúmeras abas abertas e vídeos que provocam vertigem de tão rápidos, não surpreende que as dificuldades de sono se tornaram uma luta comum para muitos. De insônia a apneia, os desafios para alcançar uma noite de sono reparador tem impactado significativamente a saúde e o bem-estar geral. Na rede social Tik Tok, a trend #SleepHygiene (higiene do sono) já acumula 33 milhões de visualizações e os “influenciadores do sono” são uma realidade. Dentro deste cenário, médicos como o @TheSleepDoctor despontam como alguns dos principais produtores de conteúdo confiável, com dicas que vão além da recomendação de melatonina ou exercícios, mas partem para uma análise complexa sobre a atividade cerebral durante o sono ou a relação do uso de telas para uma noite de descanso mais tranquila.
Pesquisadores atestam que pessoas com insônia crônica apresentam um risco 21% maior de hipertensão e 51% maior de diabetes tipo 2, e também podem desenvolver transtorno de ansiedade generalizada e depressão. Ambas as condições estão associadas à diminuição da funcionalidade e aumento do risco de acidentes, redução da imunidade e maior risco cardiovascular.
A moda é dormir bem
Essa crise coletiva originou uma ampla indústria dedicada a fornecer soluções que atendam às diversas necessidades de indivíduos em busca de uma boa noite de sono. À medida que os consumidores continuam lutando contra maus hábitos, a insônia já representa um mercado de U$S 5 bilhões e não mostra sinais de abrandamento, a previsão da WGSN é que valorize para U$S 6 bilhões até 2028.
Esse mercado inclui, entre outras possibilidades, aplicativos de meditação, de sons da natureza, terapias holísticas, dispositivos de monitoramento do sono, produtos e conteúdos nas redes sociais ensinando como driblar a insônia. Por falar em produto, o segmento de smartwatch tem se expandido rapidamente, além dos retiros do sono em ascensão, ou seja, a ostentação do momento é dormir bem.
E se há produtos e soluções para melhorar a experiência do sono, há também uma ascensão dos influenciadores do sono com conteúdo focado em dormir bem ou mesmo se filmando dormindo, já fazem parte do mundo contemporâneo. Como é o caso de AlexShannon – “o primeiro influenciador do sono do mundo”, diz sua bio -, radicado em Londres e com 53,1 mil seguidores no Instagram ele mostra suas hospedagens em hotéis de luxo para ter uma boa noite de descanso. Isso mostra que as marcas devem praticar a escuta social para se manterem atentas às conversas focadas no sono e trabalhar com os criadores para promover um melhor descanso.
O rápido crescimento da indústria reflete uma mudança social em direção à priorização do sono como um componente crucial da saúde geral, e traz oportunidade para marcas incorporarem o tema, seja pela tradicional abordagem da saúde, se inserindo em conversas sobre “higiene do sono” ou “qualidade do sono”, ou por abordagens criativas, mais conectadas a beleza, moda e alimentação.
