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O papel das agrotechs na construção de uma nova reputação do agronegócio

Reputação de inovador e sustentável nesse caso passa a ser um ativo de competitividade, principalmente em tempo de eventos climáticos extremos

Se por um lado o agronegócio brasileiro é conhecido mundialmente por sua capacidade produtiva, por outro, sofre com questões de reputação frente aos desafios ambientais. No entanto, sua conexão com startups, pode ajudá-lo a ter uma atuação mais moderna e sustentável e, consequentemente, uma comunicação melhor quando o assunto é meio ambiente.

A pesquisa Radar Agtech de 2023 mostra que o número de startups do agronegócio brasileiro cresceu 14,7%. O levantamento é resultado de uma parceria entre Embrapa, SP Ventures e Homo Ludens para avaliar, entre outras coisas, a inovação no segmento. Segundo o estudo, são 1.953 startups em 2023 contra 1.703 em 2022.  Embora as regiões Sul e Sudeste concentrem a maior parte dessas empresas de inovação, a região Norte do vem destacando no quesito agilidade: são 116 empresas em 2023 contra 26 em 2022. 

Outro exemplo promissor da aliança entre agronegócio e tecnologia é o visível crescimento de startups no Paraná, um dos maiores produtores de soja do Brasil. Um levantamento feito pelo Sebrae mostra que agrotechs puxaram o crescimento de startups no estado, representando 9% da expansão geral em 2023. Somente no segmento de tecnologia para o agro, as startups no Paraná cresceram 25% de 2022 para 2023. 

Novo rótulo: inovação e sustentabilidade 

Os números mostram que projetos de pesquisa e inovação que antes poderiam estar restritos às instituições agora começam a ser multiplicados por meio de empresas focadas em tecnologia para o agro. E essa oportunidade de mercado não só traz produtividade e ganhos financeiros diretos ao produtor e empresas do setor como também podem ser um aliado na construção de uma nova reputação: de um setor que produz alimentos com soluções inteligentes que preservam o meio ambiente. 

A boa reputação nesse caso passa a ser um ativo de competitividade, principalmente em tempo de eventos climáticos extremos. Não é à toa que associações como a Aprosoja-MT, que representa o Mato Grosso, maior produtor do país, têm dedicado espaço em suas redes sociais para falar de inovação. 

Entre posts com homenagens e agendas de eventos, figuram no feed do Instagram da Aprosoja-MT conteúdos com dicas para produtividade baseados em pesquisa e inovação. São entrevistas com especialistas sobre tipos de fertilizantes, integração entre lavoura, pecuária e floresta e convites para workshops e ações sobre novos mercados, como o de carbono.

 

A aproximação da inovação e tecnologia permite ao setor tocar em assuntos difíceis como o das mudanças climáticas. Munido de soluções, os produtores e as empresas parecem ter mais segurança para abordar os impactos das mudanças climáticas também para o setor. 

Exemplo de que inovação e tecnologia também ajuda a iniciar conversas difíceis é a recente produção audiovisual da Aprosoja-MT com relatos de produtores sobre as consequências do atraso das chuvas seguido por altas temperaturas, uma consequência de eventos climáticos extremos como o El Niño. A série MT Clima e Mercado aborda como esses eventos trazem prejuízos econômicos para o produtor. Recentemente, a associação produziu novos episódios com produtores nos Estados Unidos, a série América Clima e Mercado tem três temporadas. 

Segundo relatório do Ministério da Agricultura e Pecuária, as exportações do primeiro semestre de 2024 bateram novo recorde, somando US$ 37,44 bilhões. A cifra é mais uma prova contundente de que o agronegócio continuará sendo potência brasileira. Mas o  tempo de se valer apenas desse rótulo parece que está ficando para trás. 

Com o crescimento de agrotechs, o agronegócio tem a oportunidade também de ser conhecido por sua inovação e prática sustentável, ações que são fundamentais para a saúde de qualquer negócio.

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