
Na era da hiperconectividade, onde cada momento é compartilhável, a Geração Z está redefinindo as regras do jogo digital. Surgem os “Dix”, perfis privados nas redes sociais, especialmente no Instagram, onde conteúdos mais íntimos e espontâneos são compartilhados com um círculo restrito de amigos. Essa tendência reflete uma mudança significativa no comportamento online e sinaliza uma busca por autenticidade e controle sobre a exposição pessoal.
A preocupação com a privacidade é uma das principais motivações por trás dessa mudança. Uma pesquisa realizada pela Luzia, assistente de inteligência artificial, revelou que 81% dos usuários brasileiros da Geração Z pararam de usar aplicativos devido a preocupações com privacidade. Além disso, 72% expressaram preocupações significativas sobre como as grandes empresas de tecnologia utilizam suas informações sem consentimento, especialmente para treinamento de IA.
Apesar de passarem entre 4 e 7 horas por dia nas redes sociais, muitos jovens relatam experiências negativas associadas a esses aplicativos, como ansiedade e estresse. Um estudo do Grupo Waffle indicou que 21% dos jovens relataram experiências negativas ligadas aos apps, e 48% relataram sentir ansiedade, mesmo sem diagnóstico . Essa realidade impulsiona a busca por espaços digitais mais controlados e menos propensos a julgamentos externos.
Como a queda da exposição digital impacta na comunicação?
A tendência dos “Dix” aponta para um futuro onde a privacidade e a autenticidade ganham protagonismo. À medida que a Geração Z amadurece, é provável que vejamos uma valorização crescente de espaços digitais que priorizem a segurança e o controle do usuário sobre suas informações.
Para marcas e profissionais de comunicação, essa movimentação representa uma mudança estrutural importante: a lógica da comunicação em massa e da viralização fácil está sendo substituída por uma lógica de conexão real, íntima e muitas vezes invisível.
Se antes o alcance era o grande objetivo, hoje o engajamento significativo com nichos, muitas vezes inacessíveis para o radar das métricas tradicionais ganha mais espaço.
Nesse novo cenário, as marcas mais relevantes serão aquelas capazes de identificar rapidamente padrões de comportamento que se repetem, ainda que se expressem por meio de novas terminologias, como os “dailys”, “melhores amigos” e outros códigos efêmeros da cultura digital. Entender esses movimentos permite não só criar estratégias mais sensíveis e alinhadas ao momento, mas também abrir caminhos para comunicação contextual e engajamento significativo com audiências cada vez mais seletivas.
Os “Dix” não são apenas um novo tipo de perfil. São um símbolo da transformação profunda nos modos de se relacionar digitalmente e um reflexo de uma geração que busca equilíbrio entre a vida online e offline, entre a exposição e a privacidade.